quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Prelúdio: Fogo, Gelo e Morte

Tábuas podres e fétidas emparelhadas fingiam ser Parede e Teto. Mesas e cadeiras bambas e desconfortáveis se entitulavam Mobília. A ausência de três tábuas em uma das paredes era conhecida como Porta e o bêbado sujo, caído e inconsciente ao seu lado, Vigia, enquanto o bêbado sujo, de pé e plenamente consciente tomou para si a graça de Taverneiro. Nada mais do que esperado em uma taverna no subúrbio de Valkaria, no limiar com a Favela dos Goblins.

Em meio a rotineira gritaria de taverna e a melodia desafinada e arrítmica do músico contratado, as atenções se concentravam na mesa central, a mesa do Pôquer. Um jovem excêntrico de cabelos ruivos e despenteados e um cubo pendurado em seu pescoço vencia todas as partidas que participava. Não muito por mérito próprio, mas em grande parte pelo extremo azar que arrebatava seus adversários. Um deles, amigo seu, um rapaz alto e forte, vestido apenas com roupas de inverno em pleno verão artoniano, bufava de raiva por não conseguir vencer uma partida sequer, ainda mais quando sua cerveja barata congelava quando decidia pegar seu caneco e esfriar a cabeça com álcool. No canto obscuro do barraco, perdão, da Taverna, repousava um homem sob um capuz. O capuz que lhe era útil pois evitava olhares de asco e temor de pessoas comuns ao perceberem que eram crânios que adornavam sua armadura. Não mais chamativo que sua pele fria e pálida, putrefata em maioria, tanto quanto seus músculos, pulmões e coração, assim como todo o resto do seu corpo. Não mais vivo, mas ainda funcional.


Nada disso era importante ou ao menos peculiar. Afinal, Arton sempre foi um mundo de loucos, guerreiros, mortos-vivos e além. Mas o que destoa essas três personagens de todo o cenário não era o que tinham em particular. Mas sim, o que partilhavam entre si. O destino que estavam prestes a dividir.
..


Quando restavam apenas o ruivo e o guerreiro na mesa central, a música agonizante que reinava a taverna foi interrompida por uma ode à coragem. A melodia irrompeu o ambiente barulhento e grotesto e fez com que todos se calassem. Pela porta, o responsável pela maravilha sonora se aproximava da mesa central. Um homem de vestes, capa e chapéu verde dedilhava um belo alaúde élfico. Luigi Sortudo, até então, Bardo Imperial a serviço do Rei-Imperador Thormy.

Então a melodia parou.


- Vocês três precivam vir comigo, senhores. Disse Luigi.
- Três? Pelas botas arroxeadas esquerdas +5 da abóbora de Nimb, você está bêbado? Nós somos apenas dois! Replicou o Ruivo.
- Ele - apontando para o homem no canto - também virá conosco.
- Você - o homem se levanta e anda em direção a mesa central, revelando sua face cadavérica - tem certeza que tem assuntos comigo?
- Absoluta. Mas não percamos tempo, Vossa Majestade o Imperador vos espera. Acompanhem-me.
Ao saírem da pocilga, o não-vivo fez um gesto, então correu para seu lado um cavalo, mais esquelético que o próprio, o qual ele fez de montaria.

Enquanto caminhavam em direção ao palácio. O Guerreiro se pronunciou.

- Bem, meu nome é Elendil, o Guerreiro das Uivantes, e esse é...
- Fëanor, O Avatar de Nimb! Interrompeu o ruivo.
- Err... Certo. - Disse o Cavaleiro - Eu sou Härkr-Hodj... Vocês podem me chamar de... Hmm... Arthas.


Então Fogo, Gelo e Morte deram os primeiros passos de uma longa caminhada que ainda não teve seu fim escrito nas páginas do tempo...